sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Naquele tempo

Hoje acordei com saudades de um tempo que não volta mais!
Saudades de quanto todo adulto ainda era muito alto, de quando eu só tinha uma calça jeans e uma blusa de ir à missa. Do tempo que sobravam aventuras, risos e amigos.
Naquela época todo mundo tinha milhões de amigos e o tempo limite de ficar na rua era até vinte uma horas, depois disso era cama.
Podíamos ser gordos ou magros, não precisamos saber falar inglês, os cabelos eram embaraçados, desidratados e uma buchinha colorida e relaxada resolvia todos os problemas.
Brincava-se de bola, corda, elástico, pipa, carrinho do irmão mais novo...
E era só aquilo ali! Isso bastava! Não havia muitos sonhos, senão de um brinquedo novo. Não existiam projeções de um futuro promissor, apenas a satisfação de ser feliz e aquilo era ser feliz.
Embora nem nos déssemos conta, era tudo mais leve, menos cobrança, sem preocupações de demonstrar o que não somos e não havia a necessidade de provar nada prá ninguém.
Talvez por isso a gente nem conhecesse a palavra hipocrisia.
Às vezes tenho vontade de voltar lá trás e olhar as coisas com a perspectiva que tenho agora. Como seria?
Dar mais valor a ter que arrumar cozinha apenas porque a mãe mandava, em responder "senhor" quando o pai chamava, nos meus joelhos ralados, na ponta dos meus dedões desconfiguradas. Em toda aquela rica pobreza, onde não importasse a marca de roupa que se usava, quem ganhava a queimada era sempre a mais respeitada.
Lá havia uma beleza que não consigo ver mais hoje. Talvez tenha perdido muito tempo daquela época querendo estar aqui, mais especialmente hoje queria muito poder estar lá.
Sentir a emoção de receber um papelzinho de bala (só o papelzinho) e se achar a tal, um frio na barriga por ser a personagem principal de um teatrinho que eu mesma escrevi e a frustração de não ser chamada para aquela apresentação de dança sob o pretexto que eu participava de tudo.
Todo esse mix de sentimentos e peripécias fizeram de mim o que sou hoje e bom ou ruim, é o melhor que posso ser e eu me orgulho muito disso!

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