quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Partida

Tenho cada vez mais certeza que não sei lhe dar com a morte.
Não sei trabalhar com a possibilidade de alguém ir embora sem dar mais um abraço apertado, sem passar algumas recomendações, sem dizer o quanto que as pessoas que o cercam são importantes e sem dar o sublime adeus. Sem relembrar as coisas boas do passado, sem pedir perdão por alguns erros e chorar junto as lágrimas de desculpa. Sem dizer que tudo que aconteceu e foi dito foi verdade e foi muito bom, mais que infelizmente agora é preciso ir.
Vários planos, conquistas, projetos em construção...
Não pode ser normal ser simplesmente retirado daqui como se sua presença, seu corpo e sua alma jamais tivessem existido.
E o que dizer de quem fica?
Às vezes retirar alguém de outra pessoa é como se isso fosse uma multilação. Pode significar tolir o maior passo de uma vida, acabar com a risada mais bem dada.
Não consigo! Pra mim é sobre-humano e a morte continua não sendo uma coisa normal.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Naquele tempo

Hoje acordei com saudades de um tempo que não volta mais!
Saudades de quanto todo adulto ainda era muito alto, de quando eu só tinha uma calça jeans e uma blusa de ir à missa. Do tempo que sobravam aventuras, risos e amigos.
Naquela época todo mundo tinha milhões de amigos e o tempo limite de ficar na rua era até vinte uma horas, depois disso era cama.
Podíamos ser gordos ou magros, não precisamos saber falar inglês, os cabelos eram embaraçados, desidratados e uma buchinha colorida e relaxada resolvia todos os problemas.
Brincava-se de bola, corda, elástico, pipa, carrinho do irmão mais novo...
E era só aquilo ali! Isso bastava! Não havia muitos sonhos, senão de um brinquedo novo. Não existiam projeções de um futuro promissor, apenas a satisfação de ser feliz e aquilo era ser feliz.
Embora nem nos déssemos conta, era tudo mais leve, menos cobrança, sem preocupações de demonstrar o que não somos e não havia a necessidade de provar nada prá ninguém.
Talvez por isso a gente nem conhecesse a palavra hipocrisia.
Às vezes tenho vontade de voltar lá trás e olhar as coisas com a perspectiva que tenho agora. Como seria?
Dar mais valor a ter que arrumar cozinha apenas porque a mãe mandava, em responder "senhor" quando o pai chamava, nos meus joelhos ralados, na ponta dos meus dedões desconfiguradas. Em toda aquela rica pobreza, onde não importasse a marca de roupa que se usava, quem ganhava a queimada era sempre a mais respeitada.
Lá havia uma beleza que não consigo ver mais hoje. Talvez tenha perdido muito tempo daquela época querendo estar aqui, mais especialmente hoje queria muito poder estar lá.
Sentir a emoção de receber um papelzinho de bala (só o papelzinho) e se achar a tal, um frio na barriga por ser a personagem principal de um teatrinho que eu mesma escrevi e a frustração de não ser chamada para aquela apresentação de dança sob o pretexto que eu participava de tudo.
Todo esse mix de sentimentos e peripécias fizeram de mim o que sou hoje e bom ou ruim, é o melhor que posso ser e eu me orgulho muito disso!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Segunda chance

Um dia alguém escreveu tudo que poderia e morreu!
Morreu porque ficou vazio. Disse tudo que podia, o que não podia, o que pensou e o que jamais imaginou falar.
Ficou liberto!
Desvencilhou-se dos nós e amarras e foi embora livre.
E matou muita coisa: o orgulho, o medo, a descrença.
E antes de morrer chorou!
Deixou que suas lágrimas esvaíssem suas inseguranças e angústias.
Aí viveu!
Ressurgiu leve, mais original e menos banal.
Como mortal, não pude entender, mas fatidicamente precisei admirar.
Admirar os destroços que foram refeitos, recolocados. Se tornando uma obra quase tão perfeita como aquelas feitas por Deus.
E foi Ele. Justamente Ele que deu forças para que das cinzas conseguisse renascer.
Aí ele louvou por entender que essa era a hora mais perfeita para recomeçar. Olhar para dentro de si e se desfazer dos lixos que poluíam sua alma e seu coração.
Se tornar mais límpido e digno para aproveitar o presente de poder recomeçar. Sem mágoas nem culpa, sem rancor e somente disposto a ser não como ator de um papel, mais como humano que erra, sofre e morre quantas vezes for preciso para sempre ser melhor.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Saia já daí!

Ai ai... isso vai soar frio mais eu acho uma graça!
Fico observando as pessoas nos seus relacionamentos, ou melhor, quando eles se findam.
Quanta dor! (Risos)
Não, não... não estou aqui para julgar a intensidade das coisas ou como elas deveriam ser, mas é "tragicômico" demais pra mim.
Tudo bem que sempre ouvi que era um iceberg, que sou racional demais e que todas as pessoas tem o direito de sofrer. Ok! Só que chorar um mês, um ano, uma vida?! Ah... paciência!
As pessoas vivem anos sem a outra aí de repente, fazem dela sua razão de viver, o ar que elas respiram e ficam dependentes.
Não entendo as pessoas que emergem em um sofrimento tão brutal que a sensação que se tem é que estão vegetando e parece que o fim do relacionamento lhe roubou a alma. Escolhem estar em um pântano umido e sombrio e se isolam neste ambiente ideal para alguém que queira posar de vítima. E não sabem que muitas vezes este flagelo que elas mesmas se propõem as machucam e deixam marcas muito maiores que o fim da relação. Esquecem que ainda sobrou um e que esse um tem que ser inteiro.
Mais do lado de cá, para quem está vendo o ser se afogar, por vezes não se sabe se é melhor rir ou chorar. Imaginem a cena: Socorro, socorro, me salvem! Mas não coloquem as mãos em mim!
Eu sinceramente (feliz ou infelizmente) não sei como uma pessoa abdica do direito dela de ser feliz apenas por acreditar e bota acreditar nisso que o outro um dia volte.
O que é isso?
O sol está iluminado lá fora, tem um monte de brotinhos e gatinhas saracuteando por aí. É como dizem: gente disponível é mato.
E tem de todo jeito. Mato grande, mato pequeno, mato gordo, mato gostoso (adoro), mato simpático, mato melancólico... Tá aí! Cara metade, alma gêmea!
No cúmulo do meu racionalismo eu digo: você vai ficar a vida inteira aí? "Panguando"? Esperando o "dementor", ladrão de alma voltar?
Pelo amor de Deus, vem pra cá viver. Saia do papel de vítima, assuma o protagonismo, arrancando aplausos e fazendo a massa vibrar.
Pode parecer meio homossexual mais jogue purpurina no seu caminho e descubra que você que você ainda sabre brilhar.
Assuma esse risco, já que tempo demais já foi perdido. Problemas, abandonos, frustrações todos temos mais faça deles um miojo: prepare-se, viva e sinta o que tem que ser sentido, faça a digestão e pronto! Tudo em 3 minutos. Tá bom, tá bom... podem ser três dias (risos).
Anime-se porque se ninguém lhe disse ainda, na maioria das vezes sofrer é opcional e você não sabe o que está perdendo aqui fora!