terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Deitada rolando na cama, ainda sem sono
Ainda pensando
Escondida aqui dentro, do mundo lá fora
Tento entender mais não sei que barreiras me separam das pessoas que lá estão
Certamente são apenas as grades do meu pensamento, do meu imaginário latente
Que foram construídas pelo meu medo, da minha insegurança
Não acendo a luz na ilusão que o sono chegue mais rápido
Mas não tenho certeza se isso funciona, é só uma tentativa
Penso em muitas coisas e o meu silêncio me insurdece
Aqui dentro, tudo que eu quero é apenas ter uma noite tranquila, sem interferências nem julgamentos.
O que quero é apenas curtir um momento meu comigo mesma
Mesmo que seja me desligando.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Álbum de fotografias

Quem é que disse que ainda não inventaram a máquina do tempo?
Olhando estas páginas, em meio a essas fotos, consigo visitar até o dia do meu nascimento
Ver pessoas que a muito não vejo,
Pensar em fatos que em minhas lembranças jamais ocorreram
Sentir cheiros
Lembrar das roupas e dos sapatos
Das atitudes e manias de um tempo que não voltará nunca mais voltará
Mais que ficarão para sempre protegidas por uma capa dura onde todos esperam que lá só haja pessoas felizes.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Construção

Quem é que inventou essa história de dividir
E se ao invés de dividir somar...
Pra que inventar?
Na minha concepção, rachar, só se for para pegar cada pedaço e conhecê-lo a fundo
É preciso louvar as diferenças e assim ser mais feliz
Respeitar ao outro
Respeitar a mim mesma
Respeitar o que eu fui e o que eu posso ser
Resgatar cada detalhe esquecido pela outra e construir um outro ser
Que pode ser eu ou pode ser você
Amar sem fronteiras, num todo
Como se nada pudesse ser destruído
Mais acreditando que seja o que for, tudo pode ser vivido.
E descobrir que a outra pessoa não é um objeto.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Coruja

Hoje eu ouvi uma coruja. Caraca! Que saudades!
Estava na minha própria mesa de trabalho, às 15h22, entre Goiás e Pernambuco, num dia de jogo a noite.
Que sorte! Confesso que viajei.
Enquanto torcia para ela não parar de cantar, fui tomada por uma alegria infantil, digna da menina que ganhou a primeira Barbie e que a muito não sentia.
Pude lembrar cada detalhe daquelas tardes silenciosas em que minha mãe tirava uma pestana após o almoço e eu ficava brincando sozinha, imitando as imagens que tinha visto no programa Meu Pé de Laranja Lima e que passava depois da Ofélia.
Vi claramente o avental de coraçãozinho azul que minha  mãe  usava, ornando com aquela blusa rosa com as mangas cortadas e a minha irmã brincando na garagem. Branquinha! Com o cabelo lisinho igual de índio, não fosse à cor clara, quase loira.
Já que estava dentro da antiga casa, resolvi fazer um tour e dar uma volta no passado.
Não havia muro separando a nossa casinha da casa do visinho que abrigava à coruja. Era apenas um pedaço de telha de amianto, acho. Sei que era muito enferrujado e no verão, perto dessa telha era muito quente, não dava nem para ficar perto dela.
Na área de serviço, havia um tanque e apenas uma máquina de lavar. Naquela época minha mãe ainda não tinha duas.
A cozinha era tão pequena quanto todo resto, mas era amarela. Achava graça! Gostava de amarelo, mas prá cozinha?
Uma mesa redonda com tamboretes. Se fosse hoje, certamente as mães não permitiriam que os filhos se assentassem neles sob o respaldo que eles não são seguros. Realmente caí deles algumas vezes, mais não morri, cresci!
Um corredor com um carrinho de bebidas, hoje seria chamado de bar.
No meu quarto uma beliche. Essa praga me atormentou a vida toda. A equação: muitos filhos e pouco espaço obrigava-nos a isso.
Na sala não dava nem prá brincar. Era tudo apertadinho! E havia um telefone bege de disco alojado no braço de um sofá. Na estante, alguma decoração de mau gosto, com alguns livros velhos, dicionários, um pato e um elefante. Essa era clássica! Nunca achei bonito mais em toda casa tinha um pato e um elefante. Cujo este último tinha que ficar com alguma parte que não me lembro qual é virada para rua para dar sorte.
Coitada. Acho que minha mãe naquela época não sabia o lado certo, porque sorte era a coisa que menos  se tinha.
No quarto do casal, móveis de madeira bem escura, que por seu tamanho desproporcional, obrigavam aos entrantes a se transformarem a adeptos do contorcionismo.
Porém com toda a pequenez era uma casa aconchegante. Mentira, rs... Era abafada mesmo!
Bons momentos aqueles!
Agora são 15h43, já não ouço mais a coruja. Será que ela foi embora?
Espero que ela volte. Pelo menos para eu agradecer, porque foi bom demais.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Quase 30

Há quem diga que sou meio louca e sabe o que é pior que ouvir isso? Ter que concordar!
Talvez seja porque sou muito grande, porque falo demais, porque tenho uma voz engraçada, porque pareço um boneco de Olinda... vai saber! Motivos é que não faltam.
Só que coincidência ou não, acho que agora esta "patologia" esta se instalando de vez. Sei lá, deve ser a crise dos trinta chegando.
Eu sei, eu sei... ainda falta um pouquinho (ufa) mais já tenho que me preparar física e mentalmente para este baque.
Podem dizer que parece desespero mais a lei da gravidade não tem a menor misericórdia, atua o tempo todo, então tenho que fazer minha parte e começar a tomar algumas medidas para minimizar este impacto.
Semana passada pensei em pagar alguém para correr pra mim, será que rola? É serio! Odeio transpirar e foi o método que achei para perder peso. Claro que não é só isso, também vou rezar para aquele conceito de osmose que aprendemos na escola se aplicar neste caso.
Pegadinha! Comecei academia. Tudo bem que vou uma vez por semana por enquanto, mas há casos que o que vale é a intenção.
Já usei Chronos e agora uso Renew. Não agora, agorinha, uso desde os vinte e dois anos os indicados para vinte cinco e agora já estou usando os indicados para trinta e cinco. É bom me precaver não é?! Os de trinta e cinco devem ter mais colágeno e isso pode ser minha salvação.
Não é que esteja insatisfeita mas já viram as meninas de dezesseis anos de hoje em dia? Elas tem corpão sarado, cabelos que disputam com o brilho do sol, unhas sempre feitas (duvido que saibam o que é lavar uma roupa) e uma conversa quase sempre imatura...
Graças a Deus! Ponto! Yes (dancinha da vitória)!
Na realidade acho que atuamos em áreas diferentes mais conviver com estes seres perfeitos perambulando por aí é um insulto.
Sabe mulheres de 30, fiquemos felizes! Sejamos tão originais quanto pudermos ser. Sejamos tão estressadas quanto quisermos ser e tão interessantes quanto consigamos ser.
Posso mudar de ídeia, mais acho que nosso diferencial nesta etapa da vida é justamente o que podemos oferecer: um bom papo, um carinho agradável, uma ótima companhia, uma gargalhada solta, uma carícia mais apimentada, um assunto inteligente e a garantia de que a gente "se garante" em qualquer situação.
Hoje ouvi a velha máxima de uma amiga da minha idade (mentira... na realidade ele já tem trinta, rs...) dizendo que "queria ter a cabeça de hoje quando ela tinha vinte anos". Anão né... aí fica fácil demais!
Sabe o que acho: A HORA É AGORA! Vamos nos adaptar com as ruguinhas, com uma leve flacidez no bumbum, aquela celulite na parte posterior da coxa que fez de lá morada eterna. Não vamos esperar fazer quarenta para dizer que o legal seria ter a cabeça de quarenta no corpinho de trinta. Vamos sofrer as mazelas das idades e nos deliciar soprando cada velinha, sejam elas qual forem e "hakuna matata".

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Partida

Tenho cada vez mais certeza que não sei lhe dar com a morte.
Não sei trabalhar com a possibilidade de alguém ir embora sem dar mais um abraço apertado, sem passar algumas recomendações, sem dizer o quanto que as pessoas que o cercam são importantes e sem dar o sublime adeus. Sem relembrar as coisas boas do passado, sem pedir perdão por alguns erros e chorar junto as lágrimas de desculpa. Sem dizer que tudo que aconteceu e foi dito foi verdade e foi muito bom, mais que infelizmente agora é preciso ir.
Vários planos, conquistas, projetos em construção...
Não pode ser normal ser simplesmente retirado daqui como se sua presença, seu corpo e sua alma jamais tivessem existido.
E o que dizer de quem fica?
Às vezes retirar alguém de outra pessoa é como se isso fosse uma multilação. Pode significar tolir o maior passo de uma vida, acabar com a risada mais bem dada.
Não consigo! Pra mim é sobre-humano e a morte continua não sendo uma coisa normal.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Naquele tempo

Hoje acordei com saudades de um tempo que não volta mais!
Saudades de quanto todo adulto ainda era muito alto, de quando eu só tinha uma calça jeans e uma blusa de ir à missa. Do tempo que sobravam aventuras, risos e amigos.
Naquela época todo mundo tinha milhões de amigos e o tempo limite de ficar na rua era até vinte uma horas, depois disso era cama.
Podíamos ser gordos ou magros, não precisamos saber falar inglês, os cabelos eram embaraçados, desidratados e uma buchinha colorida e relaxada resolvia todos os problemas.
Brincava-se de bola, corda, elástico, pipa, carrinho do irmão mais novo...
E era só aquilo ali! Isso bastava! Não havia muitos sonhos, senão de um brinquedo novo. Não existiam projeções de um futuro promissor, apenas a satisfação de ser feliz e aquilo era ser feliz.
Embora nem nos déssemos conta, era tudo mais leve, menos cobrança, sem preocupações de demonstrar o que não somos e não havia a necessidade de provar nada prá ninguém.
Talvez por isso a gente nem conhecesse a palavra hipocrisia.
Às vezes tenho vontade de voltar lá trás e olhar as coisas com a perspectiva que tenho agora. Como seria?
Dar mais valor a ter que arrumar cozinha apenas porque a mãe mandava, em responder "senhor" quando o pai chamava, nos meus joelhos ralados, na ponta dos meus dedões desconfiguradas. Em toda aquela rica pobreza, onde não importasse a marca de roupa que se usava, quem ganhava a queimada era sempre a mais respeitada.
Lá havia uma beleza que não consigo ver mais hoje. Talvez tenha perdido muito tempo daquela época querendo estar aqui, mais especialmente hoje queria muito poder estar lá.
Sentir a emoção de receber um papelzinho de bala (só o papelzinho) e se achar a tal, um frio na barriga por ser a personagem principal de um teatrinho que eu mesma escrevi e a frustração de não ser chamada para aquela apresentação de dança sob o pretexto que eu participava de tudo.
Todo esse mix de sentimentos e peripécias fizeram de mim o que sou hoje e bom ou ruim, é o melhor que posso ser e eu me orgulho muito disso!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Segunda chance

Um dia alguém escreveu tudo que poderia e morreu!
Morreu porque ficou vazio. Disse tudo que podia, o que não podia, o que pensou e o que jamais imaginou falar.
Ficou liberto!
Desvencilhou-se dos nós e amarras e foi embora livre.
E matou muita coisa: o orgulho, o medo, a descrença.
E antes de morrer chorou!
Deixou que suas lágrimas esvaíssem suas inseguranças e angústias.
Aí viveu!
Ressurgiu leve, mais original e menos banal.
Como mortal, não pude entender, mas fatidicamente precisei admirar.
Admirar os destroços que foram refeitos, recolocados. Se tornando uma obra quase tão perfeita como aquelas feitas por Deus.
E foi Ele. Justamente Ele que deu forças para que das cinzas conseguisse renascer.
Aí ele louvou por entender que essa era a hora mais perfeita para recomeçar. Olhar para dentro de si e se desfazer dos lixos que poluíam sua alma e seu coração.
Se tornar mais límpido e digno para aproveitar o presente de poder recomeçar. Sem mágoas nem culpa, sem rancor e somente disposto a ser não como ator de um papel, mais como humano que erra, sofre e morre quantas vezes for preciso para sempre ser melhor.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Saia já daí!

Ai ai... isso vai soar frio mais eu acho uma graça!
Fico observando as pessoas nos seus relacionamentos, ou melhor, quando eles se findam.
Quanta dor! (Risos)
Não, não... não estou aqui para julgar a intensidade das coisas ou como elas deveriam ser, mas é "tragicômico" demais pra mim.
Tudo bem que sempre ouvi que era um iceberg, que sou racional demais e que todas as pessoas tem o direito de sofrer. Ok! Só que chorar um mês, um ano, uma vida?! Ah... paciência!
As pessoas vivem anos sem a outra aí de repente, fazem dela sua razão de viver, o ar que elas respiram e ficam dependentes.
Não entendo as pessoas que emergem em um sofrimento tão brutal que a sensação que se tem é que estão vegetando e parece que o fim do relacionamento lhe roubou a alma. Escolhem estar em um pântano umido e sombrio e se isolam neste ambiente ideal para alguém que queira posar de vítima. E não sabem que muitas vezes este flagelo que elas mesmas se propõem as machucam e deixam marcas muito maiores que o fim da relação. Esquecem que ainda sobrou um e que esse um tem que ser inteiro.
Mais do lado de cá, para quem está vendo o ser se afogar, por vezes não se sabe se é melhor rir ou chorar. Imaginem a cena: Socorro, socorro, me salvem! Mas não coloquem as mãos em mim!
Eu sinceramente (feliz ou infelizmente) não sei como uma pessoa abdica do direito dela de ser feliz apenas por acreditar e bota acreditar nisso que o outro um dia volte.
O que é isso?
O sol está iluminado lá fora, tem um monte de brotinhos e gatinhas saracuteando por aí. É como dizem: gente disponível é mato.
E tem de todo jeito. Mato grande, mato pequeno, mato gordo, mato gostoso (adoro), mato simpático, mato melancólico... Tá aí! Cara metade, alma gêmea!
No cúmulo do meu racionalismo eu digo: você vai ficar a vida inteira aí? "Panguando"? Esperando o "dementor", ladrão de alma voltar?
Pelo amor de Deus, vem pra cá viver. Saia do papel de vítima, assuma o protagonismo, arrancando aplausos e fazendo a massa vibrar.
Pode parecer meio homossexual mais jogue purpurina no seu caminho e descubra que você que você ainda sabre brilhar.
Assuma esse risco, já que tempo demais já foi perdido. Problemas, abandonos, frustrações todos temos mais faça deles um miojo: prepare-se, viva e sinta o que tem que ser sentido, faça a digestão e pronto! Tudo em 3 minutos. Tá bom, tá bom... podem ser três dias (risos).
Anime-se porque se ninguém lhe disse ainda, na maioria das vezes sofrer é opcional e você não sabe o que está perdendo aqui fora!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Além do não

Podia ter sido qualquer pessoa, mais ela foi a escolhida!
Via o mundo em preto e branco, não gostava de abraços, de barulho e não deveria gostar de desafios.
Era atenta e esperta. Falava alto, rápido e repetidamente. Tinha os olhos esbugalhados e azuis, tão azuis que iluminavam qualquer lugar.
Não conhecia o "não". Não sabia o que significava e nem no que implicava, e nunca se preocupou com isso.
Tudo bem que acho que o universo por vezes conspirava a seu favor, porque não era possível que existissem tantos anjos e tantas coinscidências. Mais para ela também isso pouco importava! O que importava era sempre ter as chaves para abrir qualquer porta.
Estudou muito! A seu modo claro. Vendo imagens, plantas e registrando todos os detalhes com sua mente geniosa. Não se humilhou com os insultos da escola, nem com os atentados aos seus projetos na faculdade. Criou métodos e máquinas que tornavam suas dificuldades mais suportáveis e virou doutora. E em meio as decepções com os seres humanos, escolheu os animais para salvar.
Na verdade não para salvar, mais tornar as mortes mais dignas porque via em todos eles além de bichos, almas.
Mais uma vez foi criticada, mais não era atingida por nada que permitisse!
ERA AUTISTA! Mais e daí? Era feliz!

Pessoas como essa nos insultam e nos obrigam a refletir sobre onde estão as dificuldades. Será que elas estão realmente perante nossos olhos ou estão do outro lado da pupila, dentro da nossa cabeça?
Pessoas que vencem o improvável e tem uma força incalculável de seguir nos deixam à margem da estrada pensando se tudo até aqui é correto e nos arrebatam com o questionamento: qual será meu medo de tentar?
Será que é porque alguém um dia não conseguiu e eu soube, alguém me disse que não seria possível e eu acreditei?
Nesta tempestade de informações, limitações, futilidades, correr atrás do que? Para que? Se as nossas buscas são na maioria por vaidade!
Hoje chego a conclusão que prefiro não saber porque sem saber, quem sabe não encontro um caminho mais real, com  menos pressões, influências, tendências e mais essência do que sou e do que posso ser. Afinal a fórmula eu já descobri: é só não saber o que significa um "não".