terça-feira, 21 de junho de 2011

Chegou para trabalhar com baton vermelho cereja intenso. Ou o final de semana havia sido muito bom ou a semana prometia.
Bem vi quando chegou e deixou escapar alguns olhares não tão despretenciosos. Se bem que, para a maioria dos homens qualquer olhar tem um conteúdo de malícia.
Sentou-se à mesa e abriu sua agenda, aparentemente começaria a trabalhar. Doce engano! Havia dias que, por seleção espontânea ou de acordo com o interesse, ela tirava para si. Talvez achasse que não ganhasse o suficiente ou simplesmente precisava de respirar de vez em quando.
Nestes dias "dela", ficava o tempo todo sorridente. Quem tinha a percepção mais aguçada claro que notava, porém ninguém ousava comentar.
Não sei porque os colegas de trabalho sempre respeitavam este momento. Certamente porque já estavam acostumados, ou pelo simples fato de aquilo tornar o ambiente mais agradável.
Passava o dia digitando rápido. Com aquele sorrisinho no canto da boca estava pronta para o ataque e sempre havia alguém no tronco para abate.
Mantinha sua agenda atualizada com possibilidades quase certeiras para assegurar que sempre que quisesse teria diversão de qualidade, é claro!
Naquela brincadeira de caça, encarava a tecnologia como sua melhor amiga porque todas aquelas ferramentas lhe traziam a possibilidade de encontrar novos mundos. E agradecia a Deus todo dia por alguém ter inventado o facebook.
Na realidade ela gostava mesmo de conhecer o novo, coisas, pessoas, desvendar mistérios... estava sempre pronta para experimentar e se reinventar conforme a situação e a demanda da personagem.
Tinha a certeza de que cruzar a linha do desconhecido lhe faria mais mulher. Que ser tão ousada era diferencial em relação aquelas carnes trabalhadas e expostas no orkut.
E tinha razão, embora provavelmente agradasse a um público mais seleto, diminuindo seu mercado de atuação, não se importava pois sabia que sua assertividade era boa e a estatística positiva.
Quando terminava "seu dia de trabalho", se sentia realizada! Fechava seu notebook, batia seu cartão e ia embora feliz.
Havia tido um dia produtivo, no balanço social estava ativa e isso fazia com que ela imaginasse que tivesse batido suas metas.
Era uma boa profissional mais também era gente e como mulher, precisava respirar de vez em quando!