sexta-feira, 22 de julho de 2011

Além do não

Podia ter sido qualquer pessoa, mais ela foi a escolhida!
Via o mundo em preto e branco, não gostava de abraços, de barulho e não deveria gostar de desafios.
Era atenta e esperta. Falava alto, rápido e repetidamente. Tinha os olhos esbugalhados e azuis, tão azuis que iluminavam qualquer lugar.
Não conhecia o "não". Não sabia o que significava e nem no que implicava, e nunca se preocupou com isso.
Tudo bem que acho que o universo por vezes conspirava a seu favor, porque não era possível que existissem tantos anjos e tantas coinscidências. Mais para ela também isso pouco importava! O que importava era sempre ter as chaves para abrir qualquer porta.
Estudou muito! A seu modo claro. Vendo imagens, plantas e registrando todos os detalhes com sua mente geniosa. Não se humilhou com os insultos da escola, nem com os atentados aos seus projetos na faculdade. Criou métodos e máquinas que tornavam suas dificuldades mais suportáveis e virou doutora. E em meio as decepções com os seres humanos, escolheu os animais para salvar.
Na verdade não para salvar, mais tornar as mortes mais dignas porque via em todos eles além de bichos, almas.
Mais uma vez foi criticada, mais não era atingida por nada que permitisse!
ERA AUTISTA! Mais e daí? Era feliz!

Pessoas como essa nos insultam e nos obrigam a refletir sobre onde estão as dificuldades. Será que elas estão realmente perante nossos olhos ou estão do outro lado da pupila, dentro da nossa cabeça?
Pessoas que vencem o improvável e tem uma força incalculável de seguir nos deixam à margem da estrada pensando se tudo até aqui é correto e nos arrebatam com o questionamento: qual será meu medo de tentar?
Será que é porque alguém um dia não conseguiu e eu soube, alguém me disse que não seria possível e eu acreditei?
Nesta tempestade de informações, limitações, futilidades, correr atrás do que? Para que? Se as nossas buscas são na maioria por vaidade!
Hoje chego a conclusão que prefiro não saber porque sem saber, quem sabe não encontro um caminho mais real, com  menos pressões, influências, tendências e mais essência do que sou e do que posso ser. Afinal a fórmula eu já descobri: é só não saber o que significa um "não".