quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Coruja

Hoje eu ouvi uma coruja. Caraca! Que saudades!
Estava na minha própria mesa de trabalho, às 15h22, entre Goiás e Pernambuco, num dia de jogo a noite.
Que sorte! Confesso que viajei.
Enquanto torcia para ela não parar de cantar, fui tomada por uma alegria infantil, digna da menina que ganhou a primeira Barbie e que a muito não sentia.
Pude lembrar cada detalhe daquelas tardes silenciosas em que minha mãe tirava uma pestana após o almoço e eu ficava brincando sozinha, imitando as imagens que tinha visto no programa Meu Pé de Laranja Lima e que passava depois da Ofélia.
Vi claramente o avental de coraçãozinho azul que minha  mãe  usava, ornando com aquela blusa rosa com as mangas cortadas e a minha irmã brincando na garagem. Branquinha! Com o cabelo lisinho igual de índio, não fosse à cor clara, quase loira.
Já que estava dentro da antiga casa, resolvi fazer um tour e dar uma volta no passado.
Não havia muro separando a nossa casinha da casa do visinho que abrigava à coruja. Era apenas um pedaço de telha de amianto, acho. Sei que era muito enferrujado e no verão, perto dessa telha era muito quente, não dava nem para ficar perto dela.
Na área de serviço, havia um tanque e apenas uma máquina de lavar. Naquela época minha mãe ainda não tinha duas.
A cozinha era tão pequena quanto todo resto, mas era amarela. Achava graça! Gostava de amarelo, mas prá cozinha?
Uma mesa redonda com tamboretes. Se fosse hoje, certamente as mães não permitiriam que os filhos se assentassem neles sob o respaldo que eles não são seguros. Realmente caí deles algumas vezes, mais não morri, cresci!
Um corredor com um carrinho de bebidas, hoje seria chamado de bar.
No meu quarto uma beliche. Essa praga me atormentou a vida toda. A equação: muitos filhos e pouco espaço obrigava-nos a isso.
Na sala não dava nem prá brincar. Era tudo apertadinho! E havia um telefone bege de disco alojado no braço de um sofá. Na estante, alguma decoração de mau gosto, com alguns livros velhos, dicionários, um pato e um elefante. Essa era clássica! Nunca achei bonito mais em toda casa tinha um pato e um elefante. Cujo este último tinha que ficar com alguma parte que não me lembro qual é virada para rua para dar sorte.
Coitada. Acho que minha mãe naquela época não sabia o lado certo, porque sorte era a coisa que menos  se tinha.
No quarto do casal, móveis de madeira bem escura, que por seu tamanho desproporcional, obrigavam aos entrantes a se transformarem a adeptos do contorcionismo.
Porém com toda a pequenez era uma casa aconchegante. Mentira, rs... Era abafada mesmo!
Bons momentos aqueles!
Agora são 15h43, já não ouço mais a coruja. Será que ela foi embora?
Espero que ela volte. Pelo menos para eu agradecer, porque foi bom demais.

3 comentários:

  1. Vc sempre consegue me emocionar... Principalmente qdo fala do nosso passado, rs...
    Te amo mto, mana malanga!!!
    Bjks
    Nay Cunha

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  2. Recordar é viver sim, pura magia, sob ótica minha,coruja essa essa,é a de alguém encarnação,que pousou chez toi,para a vida elevar e te saudar,mas...coruja essa é especial,pois todas que conheço,piam,não cantam!
    Obrigado,caríssima girassólica pessoa,pelos elogios ...ao blog?ou ao post?
    abraços girassólicos respeitosos e amigos

    viva la vie

    ricardo

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  3. tudo lá era de mau gosto,só voces escapavam...te amo!

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